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Bases de Papel


Livro da Coleção "Fundamentos do Kung Fu": Marcialidade


A importância da base


Quando adentramos o Sistema Ving Tsun de Kung Fu como praticantes, ouvimos repetidamente o termo “base” e o quanto é importante descobrirmos, acordarmos nossa base para acessarmos qualidades de estrutura e firmeza em nossos corpos, mas de forma que esta também carregue a flexibilidade e a resiliência necessárias para sabermos nos reajustar a cada nova situação, a cada novo passo que formos tomar.

Descobrir a própria base significa também se utilizar da resistência que o chão nos proporciona para direcionar nossa energia para frente, entrar assim em conexão com o oponente; e talvez olhando de uma perspectiva mais ampla, até mesmo com a vida!

Ou seja, conhecer a própria base nos convida a tomar consciência de onde estamos com nós mesmos e de onde escolhemos pisar.


Como artistas marciais, que percorrem uma jornada dentro de um sistema de Kung Fu, saber de onde viemos, conhecer nossa ancestralidade, saber de sua história, dos desafios percorridos e dos saberes compartilhados pelos mais variados mestres é, a meu ver, descobrir a “nossa base” dentro de nossa linhagem, dentro de nossa arte. E diga se de passagem, que são raros os documentos que nos permitem ter acesso à história e à perspectiva daqueles que “estiveram aqui antes de nós” e contribuíram para que o Ving Tsun se tornasse o que é hoje.


No último domingo, 31 de outubro de 2021, no Copamar Hotel, no Rio de Janeiro, Brasil, tive a honra de testemunhar a criação de um importante pilar junto à “base” do nosso sistema de Kung Fu com o lançamento do primeiro livro da coleção FUNDAMENTOS DO KUNG FU, escrito e idealizado pelos Mestres Sêniores Julio Camacho, Ricardo Queiroz e Ursula Lima.

O livro 1 carrega o título e aborda o tema “Marcialidade” e se baseia nas entrevistas feitas pelos discípulos Thiago Pereira, Eduardo Esteves e Helena Carneiro junto aos autores.



Os Mestres Sêniores Ricardo Queiroz e Ursula Lima junto ao livro 1 da coleção e às próximas 2 edições, que abordarão os temas "Cuidado" e "Transmissão"


Ao início do lançamento os autores introduziram o projeto e comentaram que este já estava idealizado há bastante tempo, mas que em sua fase de execução levou 1 mês para ser finalizado. Me marcou ouvir Mestre Julio Camacho falando sobre um comentário que sua filha Jade um dia fez a seu respeito, no qual dizia observar nele uma curta distância entre o que ele fala e efetivamente faz. Mestre Julio complementou observando o quanto as pessoas muitas vezes dificultam a vida criando um grande espaço entre o que querem e o que efetivamente fazem. Esse projeto segundo ele vai em oposição a essa tendência.


Heitor Furtado fala sobre a parte de arte gráfica do projeto, enquanto Helena Carneiro e Mestre Thiago Pereira contam sobre a experiência de participarem no livro no papel de entrevistadores



Fiquei orgulhosa em estar presente neste momento histórico e poder observar a maestria destes três líderes de família Kung Fu, que junto à descoberta de sua própria base, exploraram nesse projeto o potencial de unir suas perspectivas complementares junto a um mesmo tema, permitindo que a energia flua, sem esforço, para frente.



Falando sobre Marcialidade


Em um segundo momento foi aberta a roda de perguntas sobre o tema do livro para os Mestres Ricardo Queiroz e Ursula Lima, que estavam presentes no local do evento e Mestre Julio Camacho, que hoje mora nos Estados Unidos e pôde estar presente por meios digitais.

Os Mestres Sêniores Julio Camacho, Ricardo Queiroz e Ursula Lima respondem à perguntas sobre o tema "Marcialidade"


Mestre Ursula trouxe a importante perspectiva de uma artista marcial mulher pontuando o quanto vivemos em uma sociedade que não abraça a marcialidade como uma coisa boa, principalmente no que diz respeito às mulheres, que são tolhidas muito cedo em sua criação e acabam não entrando em contato com a marcialidade, que é de grande importância até mesmo em seu desenvolvimento emocional.


Já Mestre Ricardo Queiroz respondeu à pergunta “como relacionar a marcialidade fora do ambiente marcial?” trazendo uma perspectiva que contrasta com a ideia de dentro e fora, propondo que a maneira com a qual praticamos em nosso Mogun, com a qual trabalhamos nossa conduta faz com que já estejamos atuando fora do ambiente marcial, em nossa vida. Ou seja, a ideia de dentro e fora se dissolve.


"O Kung Fu cria um cenário constante de pequenas crises simbólicas (...) de forma que a pessoa possa com o tempo se habituar com esse cenário." - Mestre Julio Camacho

À Mestre Julio Camacho foi direcionada a pergunta sobre “as consequências da “não-escuta” do outro e de como melhorar essa escuta?”. Sua resposta em particular me tocou muito, pois descreveu como a prática das artes marciais, sendo uma prática física, exige o contato de um corpo com o outro. Sendo assim esse contato vem carregado de muitos afetos, ou seja, tensões, medos, ansiedades… e na situação de crise a tendência que temos é de nos fecharmos, de deixarmos de escutar o outro. O Kung Fu (no caso o sistema Ving Tsun) cria um cenário constante de pequenas crises simbólicas, graduais, de forma que a pessoa possa com o tempo se habituar com esse cenário. A crise existe, ela é crítica e aprendemos cada vez mais a lidar com ela. Concluindo, Mestre Julio descreveu o Kung Fu como sendo uma das melhores formas de aprender a escutar o outro.




As palavras que servem de base


Após as perguntas os convidados que haviam comprado seu livro no local tiveram a oportunidade de ter seu exemplar autografado por Mestre Ricardo e Mestre Ursula, detalhe que torna um momento desses ainda mais especial para um praticante de Kung Fu!

É quase uma forma de legitimar nossa presença nesse momento histórico.



Pegando meu autógrafo e dedicatória com minha Si Fu Ursula Lima e meu Si Baak Ricardo Queiroz


Assim como a base no Ving Tsun nos remete a algo sólido e palpável, as palavras, o conhecimento que nos guiam à sua descoberta se dão através da convivência entre mestres e praticantes. Podemos dizer que o saber que envolve um sistema de Kung Fu é algo extremamente sutil, que vai muitas vezes para além dos movimentos, das palavras, para além do “explicável”.

Porém quando três Mestres Sêniores de mesma geração, irmãos Kung Fu, que trazem consigo a experiência de muitas décadas de prática, se unem para tornar essas palavras palpáveis através de uma coleção de livros, posso afirmar que palavras, pensamentos passam assim a servir de base, de inspiração para aqueles que hoje estão e para aqueles que ainda virão, fortalecendo a base do saber, que hoje pode vir no formato de exemplares de livros, porém amanhã é o que servirá de fundamento para enriquecer a nossa história!


Minha contribuição junto ao tema "Marcialidade"


Como discípula da Mestre Sênior Ursula Lima aproveito para agradecer à minha Si Fu e aos meus Si Baak Julio Camacho e Ricardo Queiroz e a todos os diretamente (e indiretamente) envolvidos no projeto deste primeiro livro e fico no aguardo do livro 2, que tenho certeza que promete!


Mais sobre a Coleção Fundamentos do Kung Fu: www.fundamentosdokungfu.com



 

Assim relatou Fernanda Lima ‘Moy Fong Laan Dak’ (梅風蘭德), Quinta Discípula de Mestra Sênior Ursula Lima ‘Moy Lin Mah’ e membro do Conselho de Discípulos da Família Moy Lin Mah juntamente com Rodolpho Alcântara, André Villarreal, Helena Carneiro, Angela Carvalho, Heitor Furtado, Vítor Barros e Marcus Souza.


Saiba mais sobre a Família Moy Lin Mah:

Unidade Copacabana, Brasil - www.mykungfu.com.br

Unidade Cascais, Portugal - www.myvt-portugal.org



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